terça-feira, 23 de novembro de 2010
e sua foz localiza-se dentro dos limites estaduais. É um rio atípico, pois segue rumo diferente dos outros
rios, que geralmente nascem no interior e caminham para o mar.
O Tietê nasce a apenas 20 quilômetros do Oceano Atlântico. Dá as costas para o mar, seguindo
rumo ao interior. Os índios o chamavam de Anhembi, nome que o Frei Francisco dos Prazeres Maranhão
traduziu como "Rio das Enambus". Para Teodoro Sampaio, anhambi ou anhembi, são corruptelas de
inhambui, querendo dizer o rio das perdizes.
Por volta de 1730, era denominado de Tietê até o grande Salto de Itu. Daquele ponto para baixo
conservava o nome de Anhembi. Tietê quer dizer rio grande. Em citações datadas de 1553, antes da
fundação de São Paulo, o Padre Manuel da Nóbrega referia-se ao grande rio como Rio de Piratininga. Sua
nascente localiza-se no Sítio Pedra Rajada, no Município de Salesópolis, na Serra do Mar, a 1030 metros
de altitude, nas seguintes coordenadas geográficas: de 224 46 minutos de Latitude Sul e 44240 minutos de
Longitude Oeste.
O Tietê nasce a apenas 20 quilômetros do Oceano Atlântico e suas águas caminham cerca de 4.200
quilômetros para se encontrarem com o mesmo Atlântico, em Punta del Este, Uruguai, onde as águas da
bacia do Prata chegam ao mar.
Temos conhecimento de que, em 1526, José Sedeño, fez a primeira viagem de penetração ao
interior do Estado, rumo ao sertão, por via fluvial. Pouco se sabe de onde partiu sua expedição, mas deve
ter sido de onde começava a desenhar-se um povoado, às margens do Rio Tamanduateí. Em setembro de
1992, tive o privilégio de ser pioneiro em navegar desde a nascente em Salesópolis até sua foz, localizada
nas proximidades de Itapura, onde o Tietê encontra-se com o Rio Paraná, na divisa dos Estados de São
Paulo e Mato Grosso do Sul. Naquela oportunidade percorri os seus 1.136 quilômetros de extensão.
O local onde o rio nasce é dos mais bonitos. Na verdade são nove vertentes que saem do fundo de
uma pequena poça d'água. A água é limpa e cristalina. Colocaram um "ladrão" artificial para o escoamento
do excesso de água. É daquele "ladrão", que começa a correr o Rio Tietê, que não tem aí mais do que 15
centímetros de largura.
O Tietê chega à cidade de Mogi das Cruzes, onde recebe a primeira e mortal carga de poluição.
Quando atravessa a grande São Paulo, suas águas estão mortas e imprestáveis. Imprestáveis até para
servirem de esgoto. Para se ter a idéia do grau de sua poluição, na confluência com o Tamanduateí, dentro
de São Paulo, em 100 mililitros de água, que correspondem a meio copo, existem 16 milhões de bactérias.
Até Pirapora do Bom Jesus, a poluição e o lixo aumentam a cada metro. Depois da Barragem do Rasgão, em
Pirapora, o Tietê entra numa região muito acidentada, onde desce o Planalto de Piratininga. Desce em
corredeiras, cachoeiras, saltos e em barragens artificiais. Suas águas se batem em desesperadas descidas.
O desnível existente entre São Paulo e Salto é de 200 metros, enquanto a distância percorrida é de apenas
100 quilômetros. O Amazonas tem um desnível de 80 metros em seus 6.000 quilômetros navegáveis.
O Paraná em Foz do Iguaçu está a 200 metros acima do nível do mar e suas águas percorrem 2.500
quilômetros para encontrar as águas do Oceano Atlântico. E o Rio Tietê, em apenas 100 quilômetros
despenca de 200 metros de altura. Mas devido a este desnível, que provoca quedas em cachoeiras,
corredeiras, barragens, o Rio se autodespolui. Suas águas se oxigenam naturalmente, ganhando vida
novamente. Quando atingem a região do Médio Tietê, nas proximidades de Bariri, Ibitinga e Promissão, as
águas são límpidas, como em sua nascente.
Durante seu curso o Rio Tietê sofre inúmeros represamentos, desde pequenas barragens de
contenção até as monumentais barragens de hidrelétricas. Durante a navegação que fizemos pelo Tietê,
passamos pelas seguintes barragens: de Salesópolis, no município do mesmo nome (contenção); de Ponte
Nova, em Salesópolis (contenção); da Penha, em São Paulo (contenção); a móvel, em São Paulo na foz do
Rio Pinheiros, que serve para represar as águas dos dois rios para o processo de reversão do Pinheiros; da
Edgard de Souza, em Santana do Parnaíba (hidrelétrica); de Pirapora, em Pirapora do Bom Jesus
(contenção); do Rasgão, Pirapora do Bom Jesus, que na realidade são duas (hidrelétrica e contenção); de
São Pedro, em Itu (hidrelétrica particular); de Porto Goes Salto (hidrelétrica); de Barra Bonita (hidrelétrica
com eclusa para navegação; de Bariri (hidrelétrica com eclusa para navegação); de Ibitinga (hidrelétrica
com eclusa para navegação); de Promissão (hidrelétrica com eclusa para navegação); de Nova
Avanhandava, em Buritama (hidrelétrica, devido a sua altura, é dotada de duas eclusas para navegação);
de Três Irmãos, em Pereira Barreto (hidrelétrica com duas eclusas, ainda não concluídas).
Com a construção das barragens de Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão e Três Irmãos, o Tietê,
transformou-se num enorme lago com 600 quilômetros de extensão, que vai de Anhumas (Piracicaba) a
Itapura, em sua foz. Este lago posteriormente foi transformado na Hidrovia Tietê-Paraná.
O Tietê possui centenas de pequenos afluentes. Mas tem também afluentes caudalosos, dos quais
destacamos o Tamanduateí, o Pinheiros e o Sorocaba, todos pela sua margem esquerda. Pela margem
direita encontram-se os maiores e mais caudalosos, como o Jundiaí, o Capivari, o Piracicaba (o maior), o
Jacaré Pepira e o Jacaré Guaçu.
Curiosamente o Rio dos Bandeirantes, o velho Anhembi, possui em toda sua extensão 90 pontes
de todos os tipos, tamanhos e serventia.
domingo, 10 de outubro de 2010
Poluição do tiete
O rio apresenta sinais de recuperação na região de Salto, a 105 km de São Paulo, devido à declividade. Mas na altura da foz do Rio Jundiaí a velocidade das águas volta a cair, o que reduz o teor de oxigênio nas águas. A partir de Barra Bonita, a 302 km de São Paulo, o rio volta a se recuperar.
A Cetesb acredita que chuvas em excesso, ou em pouca quantidade, deixam o rio mais poluído. No verão, quando chove muito, a água que alaga as ruas leva o lixo e o esgoto para o Tietê. Já no período de estiagem, no meio do ano, o nível do rio fica baixo e a água não circula o suficiente. Assim, a capacidade do rio se autolimpar fica limitada.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Rio Tietê
Merece destaque o fato de que o rio cruza a região metropolitana de São Paulo, em cujas margens localiza-se a Marginal Tietê, um dos principais corredores do sistema viário da maior metrópole da América Latina.
Deixando a cidade de São Paulo, na altura do município de Santana de Parnaíba encontraremos a usina hidrelétrica Edgar de Souza, a primeira construída ao longo do rio, e próximo a esta a barragem de Pirapora do Bom Jesus, e ainda, logo a seguir, a Usina do Rasgão. Tais empreendimentos muito contribuíram para o amplo fornecimento de energia elétrica na capital.
São 62 os municípios banhados pelo rio, e seu leito abrange seis sub-bacias hidrográficas:
- Alto Tietê: área da nascente do rio, abrangendo a região metropolitana de São Paulo;
- Sorocaba/Médio Tietê: abrange 34 municípios, dos quais dezesseis estão na sub-bacia do Médio Tietê;
- Piracicaba-Capivari-Jundiaí: esta subdivisão inclui municípios paulistas e mineiros, sendo que a maioria (92,6%) são de municípios paulistas;
- Tietê/Batalha: abrange a área de Itápolis, Lins, Matão, Novo Horizonte e Taquaritinga;
- Tietê/Jacaré: compreende 34 municípios, localizando-se no centro do estado, entre as cidades de Araraquara, Bauru, Jaú, Lençõis Paulista e São Carlos;
- Baixo Tietê: localiza-se a noroeste do estado, indo da corredeira de Laje até a foz no rio Paraná. Há apenas uma cidade maior importância na área: Andradina;
O rio é navegável no trecho do remanso da barragem de Jupiá, em cerca de 40 km e no trecho entre a barragem de Nova Avanhandava e do remanso de Barra Bonita formando uma área de cerca de 443 km já em utilização.
Na região mais rica e desenvolvida do país, somente a cidade de Biritiba-Mirim trata 100% do esgoto coletado. Dos 34 municípios que compreendem a região metropolitana de São Paulo, 19 não fazem tratamento de esgoto, que é lançado diretamente nos córregos e rios que deságuam no Tietê. Diariamente, 690 toneladas de esgoto são lançadas no rio mais importante do Estado.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Conheça a historia do rio Tietê
magnifico mas judiado
Rio Tietê
Tietê | |
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Rio Tietê na altura de Barra Bonita e Igaraçu do Tietê. | |
Comprimento | 1.150[1] km Posição: 134º |
Nascente | Salesópolis, Serra do Mar |
Altitude da nascente | 1,120UNIQ3 100dbccd26b964-ref-0 000 000E-QINU m |
Foz | Lago da barragem de Jupiá no rio Paraná-[2] |
Área da bacia | |
País(es) | Brasil |
O rio Tietê (caudal, volumoso em Tupi) é um rio brasileiro do estado de São Paulo. É famoso nacionalmente por atravessar, em seus 1.150 km, o estado de São Paulo e a capital paulista.
Nasce em Salesópolis[1] na serra do Mar, a 1.120 metros de altitude[1]. Apesar de estar a apenas 22 quilômetros do litoral[1], as escarpas da Serra do Mar obrigam-no a caminhar sentido inverso, rumo ao interior, atravessando o estado de São Paulo de sudeste a noroeste até desaguar no lago formado pelabarragem de Jupiá no rio Paraná, no município de Três Lagoas, cerca de 50 quilômetros a jusante da cidade de Pereira Barreto.
O nome Tietê foi registrado pela primeira vez em um mapa no ano de 1748 no Mapa D'Anvile[2] e, em tupi, significa "rio verdadeiro", ou "águas verdadeiras".[3]
Nascentes do rio Tietê
As nascentes ficam no Parque Nascentes do Rio Tietê, que se situa no município de Salesópolis. São cerca de 134 hectares, dos quais 9,6 já estão sob controle ambiental, protegendo as diversas nascentes que irão formar o mais importante rio do estado de São Paulo.
Localiza-se no bairro da Pedra Rajada, a 17 km do centro de Salesópolis, junto a divisa com o município de Paraibuna. O acesso se dá pela SP-88 (Estrada das Pitas), onde se acessa uma estrada vicinal de 6 km em terra batida leva à nascente.
Inicialmente nas mãos de particulares, teve sua floraoriginal destruída. Tombado pelo Estado, sua área foi recuperada, apresentando agora floresta secundária.
As nascentes surgem entre rochas que ladeiam um minúsculo lago. A água brota em três diferentes pontos e o lago é povoado por pequenos peixes, os guarus.
Logo a poucos metros de sua nascente, um vertedouro permite medir o volume de água gerado pelo lençol freático. Destaca-se o elevado fluxo de água produzido pela nascente.
Um mural no local fornece alguns dados da nascente do rio Tietê. Na data indicada, verifica-se que as nascentes produziram mais de 3m³ de água por hora. Ao longo do seu trecho inicial, o rio Tietê recebe a contribuição de vários lençóis freáticos, tornando-se um córrego de elevado volume de água, no pequeno trajeto que percorreu.
Ainda dentro do município de Salesópolis, existe uma das primeiras hidrelétricas construídas no Brasil, que é a atual Usina Parque de Salesópolis. Construída em 1912 pela antiga Light, gerava energia a partir de uma queda de 72 m de altura do rio Tietê. O parque está aberto visitação pública, sendo que há um museu junto à usina. Em março de 2008 foi retomada a produção deenergia elétrica. Destaca-se os maquinários antigos lá instalados.
Área de influência
O Tietê cruza a Região Metropolitana de São Paulo e percorre 1.136 quilômetros ao longo de todo o interior do estado, até o município de Itapura, em sua foz no rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso do Sul.
No município de São Paulo, é margeado pela via expressa Marginal Tietê, que junto com aMarginal Pinheiros, compõe o principal sistema viário da cidade, estima-se que 2.000.000 de veículos passem por uma das duas marginais diariamente, esse dado foi fornecido pela CET - Companhia de Engenharia de Tráfego.
Logo após sair do município de São Paulo, o rio Tietê tem no município de Santana de Parnaíba a usina hidrelétrica Edgar de Souza e um pouco mais adiante a hidrelétrica de Rasgão e entre estas as duas, abarragem de Pirapora do Bom Jesus.
Ambas as hidrelétricas foram construídas pela antigaLight e muito contribuíram para a geração de energia para a cidade de São Paulo.
O rio Tietê drena uma área composta por seis sub-bacias hidrográficas (Alto Tietê, Sorocaba/Médio Tietê, Piracicaba-Capivari-Jundiaí, Tietê/Batalha, Tietê/Jacaré e Baixo Tietê) em uma das regiões mais ricas do hemisfério sul, e ao longo de sua extensão suas margens banham 62 municípios ribeirinhos.
Segundo arqueologistas, há pelo menos seis mil anos, populações se utilizam da bacia hidrográfica do rio Tietê, um rio que também teve papel de destaque no período dos Bandeirantes, e na eletrificação da cidade de São Paulo.
Aproveitamento hidrelétrico
Ao longo do rio Tietê foram construídas muitas barragens com o intuito de se aproveitar o potencial hidrelétrico. Entre estas podem-se citar:
- A Barragem da Usina Parque de Salesópolis, em Salesópolis.
- A Barragem Edgard de Souza,em Santana de Parnaíba.
- A Barragem de Pirapora do Bom Jesus, em Pirapora do Bom Jesus
- A Barragem de Rasgão, no município de Pirapora do Bom Jesus.
- A Barragem Laras, próxima a Laranjal Paulista
- A Barragem de Anhembi, próxima à cidade de Anhembi.
- A Barragem de Barra Bonita, próxima à cidade de Barra Bonita
- A Barragem Bariri, próxima à cidade de Bariri.
- A Barragem Ibitinga, entre as localidades de Borborema e Iacanga.
- A Usina Hidrelétrica Mário Lopes Leão, próxima às cidades de Promissão e Avanhandava
- A Barragem Três Irmãos - Permitiu o aproveitamento de parte da água do Tietê na usina de Ilha Solteira através do desvio pelo canal Pereira Barreto que interliga os lagos das duas barragens.
Navegação: a hidrovia Tietê-Paraná
Em diversas das barragens citadas (como por exemplo na de Barra Bonita) foram implementados sistemas de eclusas que viabilizaram a manutenção da navegação fluvial. Muitas barcaças fazem o transporte da produção da região a um custo menor do que o do transporte rodoviário. A hidroviaTietê-Paraná permite a navegação numa extensão de 1.100 km entre Conchas no rio Tietê(SP) eSão Simão(GO), no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 km de via navegável. Ela já movimenta mais de um milhão de toneladas de grãos/ano, a uma distância média de 700 km. Se computarmos as cargas de pequena distância como areia, cascalho e cana de açúcar, a movimentação no rio Tietê aproxima-se de 2 milhões de toneladas. (fonte: DNIT) Desta hidrovia, cerca de 450 km do rio Tietê são plenamente navegáveis.
Poluição e degradação ambiental
Embora seja um dos rios mais importantes economicamente para o estado de São Paulo e para o país, o rio Tietê ficou mais conhecido pelos seus problemas ambientais, especialmente no trecho em que banha a cidade de São Paulo.
Não faz muito tempo que o rio Tietê se tornou poluído. Ainda na Década de 1960, o rio tinha até peixes no seu trecho da capital. Porém, a degradação ambiental do rio Tietê tem início de maneira sutil na década de 1920, com a construção da Represa de Guarapiranga, pela empresa canadense Light, para posterior geração de energia elétrica nas usinas hidrelétricas Edgar de Souza e Rasgão, localizadas em Santana de Parnaíba. Esta intervenção alterou o regime de águas do rio na capital e foi acompanhada de alguns trabalhos de retificação também pela Light, que deixaram o leito do rio na área da capital menos sinuoso, nas regiões entre Vila Maria e Freguesia do Ó.
Porém, ainda nas décadas de 1920 e 1930, o rio era utilizado para pesca e atividades desportivas: eram famosas as disputas de esportes náuticos no rio. Nesta época, clubes de regatas e natação foram criados ao longo do rio, como o Clube de Regatas Tietê e Espéria, clubes que existem até hoje.
O processo de degradação do rio por poluição industrial e esgotos domésticos no trecho da Grande São Paulo tem origem principalmente no processo de industrialização e de expansão urbana desordenada ocorrido nas décadas de 1940 a 1970, acompanhado pelo aumento populacional ocorrido no período, em que o município evoluiu de uma população de 2.000.000 de habitantes na década de 1940 para mais de 6.000.000 na década de 1960.
Este processo de degradação a partir da década de 1940 também afetou seus principais afluentes, como o rios Tamanduateí e Aricanduva, sendo no primeiro particularmente mais perigoso, pois o Tamanduateí trazia da região do ABC os esgotos industriais das grandes fábricas daquela região. A política de permitir uma grande expansão do parque industrial de São Paulo sem contrapartidas ambientais acabou por inviabilizar rapidamente o uso do rio Tietê para o abastecimento da cidade e inclusive para o lazer.
A partir das décadas de 1960 e 1970, a falta de vontade política dos então governantes, aliada a uma certa falta de consciência e educação ambiental da população (agravadas pela ditadura militar) anulou qualquer iniciativa em gastar recursos em sua recuperação, o que aliado à crescente demanda (fruto da expansão econômica e populacional da cidade), degradou o rio a níveis muito intoleráveis nas décadas de 1980.
Na década de 1980 o Governo do Estado contratou os estudos do SANEGRAN (Saneamento da Grande São Paulo), efetuados pela ENGEVIX, sob a coordenação do engenheiro sanitarista Jorge Paes Rios, todavia as obras não foram executadas devido aos enormes custos e a falta de vontade política.
Em setembro de 1990, a Rádio Eldorado fez um programa especial ao vivo, com dois repórteres: um, da própria Rádio Eldorado, estava em São Paulo, navegando pelo rio Tietê e comentando sobre a poluição e deterioração das águas: o outro, do serviço brasileiro da emissora de rádio britânica BBC, navegava nas águas límpidas e despoluídas do rio Tâmisa de Londres, Inglaterra, comentando sobre a qualidade daquele rio, que passou por um processo de recuperação desde a década de 1950.
Tal programa de rádio provocou grande repercussão em outros órgãos de imprensa, principalmente o jornal "O Estado de S. Paulo", do mesmo grupo da rádio.
Uma organização não governamental, Núcleo União Pró-Tietê, liderada por Mário Mantovani, foi criada, canalizando a pressão popular por um rio mais limpo. A sociedade civil chegou a colher mais de um milhão de assinaturas, um dos maiores abaixo-assinados já realizados no país.
O projeto Tietê
Diante de tais pressões populares, em 1991, o governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho, ordenou à Sabesp - empresa de saneamento básico do estado, que se comprometesse a estabelecer um programa de despoluição do rio. O estado buscou recursos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento - o BID e montou um projeto de recuperação do rio, baseado nos estudos anteriores do SANEGRAN. A difícil tarefa de acabar com a poluição gerada por esgotos na Região Metropolitana de São Paulo recebeu o nome de Projeto Tietê. Na ocasião, o então governador havia dito que, ao final do seu mandato, beberia um copo d'água do Tietê. Não é um projeto exclusivamente governamental, já que conta com intensa participação de organizações da sociedade civil. Atualmente, o Projeto Tietê é o maior projeto de recuperação ambiental do país.
Passados quase 20 anos, a despoluição do rio Tietê ainda está muito aquém dos níveis desejados, mas já foram feitos progressos animadores. No final da década de 1990, a capacidade de tratamento de esgotos foi ampliada: a Sabesp realizou a ampliação da capacidade de tratamento da Estação de Tratamento de Esgotos de Barueri, a 20 km ajusante do município de São Paulo e inaugurou as Estações de Tratamento de Esgoto Parque Novo Mundo, São Miguel e ABC[4], que ficam a montante do município de São Paulo.
No início do programa, o percentual de esgotos tratados em relação aos esgotos coletados não ultrapassava os 20% na Região Metropolitana de São Paulo. Em 2004, esse percentual estava em 63% (incluindo tratamento primário e secundário). Espera-se que até o final do programa, esse índice alcance os 90%. Atualmente, o programa está em sua terceira fase.
A mancha de poluição do rio Tietê, que na década de 90 chegou a 100 km, tem se reduzindo gradualmente no decorrer das obras do Projeto Tietê.
Por outro lado, é preciso lembrar que ao longo de todo o rio, fora da Região Metropolitana, todos os municípios da bacia possuem coleta de esgotos mas nem todos tem seus esgotos devidamente tratados, o que mostra que muito ainda há para ser feito.
Além do tratamento de esgoto (com construção de ligações domiciliares, coletores-tronco, interceptadores e estações de tratamento de esgotos), o programa de despoluição do Tietê também foca no controle de efluentes das indústrias.
De acordo com o governo estadual, através da Cetesb, agência ambiental paulista, mil e duzentas indústrias, correspondente a 90% da carga poluidora industrial lançada no rio Tietê, aderiram ao projeto e deixaram de lançar resíduos e toda espécie de contaminantes no curso d'água.
Desde o início do programa de despoluição em 1992, já foram gastos mais de US$ 1,5 bilhão de dólares.
Porém, segundo especialistas em saneamento ambiental e engenharia, apesar dos investimentos efetuados, a poluição difusa da região metropolitana, composta por chuva ácida, poeiras, lixo e resíduos de veículos (vazamentos de fluidos de óleos, resíduos de pastilhas de freios, entre outros) continuará indo para as galerias de águas pluviais sem tratamento, pois esta rede não está conectada com a rede de esgotos: o rio, depois de todo o projeto de despoluição implantado, apresentará indicadores técnicos e ambientais muito superiores aos atuais, porém esteticamente a percepção da qualidade das águas não será tão grande por parte da população, sendo necessário um trabalho de esclarecimento à população.